Brasil, proteína e segurança alimentar

 

Imagem: Diário da Jaraguá

Este breve artigo terá por objetivo contribuir para uma melhor compreensão acerca do papel do Brasil no panorama da Segurança Alimentar a nível internacional. Desse modo, o assunto se aprofundará na exportação de proteína animal brasileira.

De acordo com Lima (2011), a Segurança Internacional possui diversas esferas como social, econômica e política. No que tange ao seu propósito, Lima aponta que ela consiste em mitigar os problemas relacionados ao suprimento de alimentos, bem como através do estudo da temática busca se desenvolver políticas públicas, além de práticas para uma maior segurança para a sociedade.

Em análise, percebe-se que o Brasil representa um ator de suma importância nesta esfera. Pois, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO/ONU), o Brasil terminou o ano de 2019 sendo o 2° maior exportador de proteína animal. Dentro disso, foi o maior exportador de carne aviária e bovina, ficando apenas atrás dos EUA, em que este possui elevada exportação de suínos.

Além disso, as exportações de proteína animal brasileira encontram mercados consumidores com potencial em diversos continentes. Na figura 1 abaixo, pode-se ver o destino de exportação de proteína animal brasileira no ano de 2018.

Fonte: The Observatory of Economic Complexity, 2018.

Com isso, é possível notar que a Ásia, em especial a China, representa uma elevada parcela da demanda pela proteína animal brasileira. No que diz respeito a demanda chinesa, ao analisar o país, observa-se a ocorrência de um processo de urbanização e busca por parte do Estado de garantir um maior poder aquisitivo para a população. Dessa forma, corrobora-se a afirmativa de que o mercado chinês tenderá, no médio e longo prazo, a demandar cada vez mais, maior quantidade de produtos alimentícios. 

Neste cenário, o Brasil possui elevado potencial de inserção. Obviamente, fatores de curto prazo tendem e podem gerar certa volatilidade para os exportadores brasileiros. A esta questão, elenca-se três pontos que podem influenciar na volatilidade referida de curto prazo, são eles: 
  1. Potencial econômico Chinês; 
  2. Guerra comercial China X EUA;
  3. Fenômenos aleatórios e imprevisíveis como por exemplo a pandemia causada pelo COVID-19. 
Além disso, acrescentam-se também ao ponto três, fatores inerentes ao setor como tarifas e eventuais adversidades inerentes ao comércio internacional. Na figura 2 abaixo, temos um gráfico elaborado pela ABIEC (Associação Brasileira de Exportadores de Carnes), onde nota-se claramente o impacto causado pela retração da demanda causada pela pandemia. 

Fonte: ABIEC, 2020.

No entanto, nota-se, da mesma forma, uma forte retomada no que tange a exportação (em toneladas), bem como o valor das exportações na modalidade FOB (Free on Board). Nesse sentido, até o momento nota-se uma consolidação das exportações e do volume exportado. Porém, é algo que pode eventualmente ser impactado pelos fatores acima mencionados.

Em síntese, percebe-se que o Brasil além de possuir inserção em mercados já consolidados, possui uma avenida livre de crescimento e elevado potencial no que tange a demanda pela proteína animal brasileira. Em paralelo ao segmento de proteína animal, acrescenta-se o papel relevante que o Brasil também possui em relação à exportação de grãos como de soja, por exemplo. 

Assim, é possível considera o Brasil como um dos principais - se não, o principal ator - no que diz respeito à Segurança Alimentar de nível internacional. Por essa razão, deve-se buscar sinergias entre o setor privado e as ações do Estado brasileiro no Sistema Internacional, de modo a gerar ganhos mútuos, bem como se consolidar cada vez mais como um ator relevante na temática referente a segurança alimentar.

Por: Guilherme Jeres

Referências Bibliográficas:
ABIEC. Associação Brasileira de Exportadores de Carne. Disponível em: <http://abiec.com.br/exportacoes/>. Acesso em 22 de set. de 2020.
LIMA, Thiago. Segurança Alimentar e Relações Internacionais. Universidade Federal da Paraíba. 2019.
OEC. The Observatory of Economic Complexity. Disponível em: <https://oec.world/en/visualize/tree_map/hs92/export/bra/show/116204/2018/>. Acesso em 22 de set. de 2020.
SETOR DE PROTEÍNAS, XP Investimentos. 2020 <https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/setor-de-proteinas-confira-os-10-principais-assuntos/>
SISCOMEX. Sistema de Comércio Exterior. Disponível em: <http://www.siscomex.gov.br/>. Acesso em 22 de set. de 2020.

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