[OPINIÃO] Deixa Ele

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Imagem: Correio Braziliense.

Em tempos de quarentena, as relações pessoais, em especial, as familiares, são colocadas em evidência, devido a falta de alternativas, quando a nossa profissão permite, temos apenas duas opções: ficar em casa ou ficar em casa. Desse modo, passamos a prestar atenção em alguns detalhes que na rotina comum, não temos o tempo e energia para percebermos. Com o fechamento de Escolas da esfera Estadual e Municipal em todo o Brasil, muitos pais passam a enfrentar problemas não antes vistos. 

Numa geração amparada e atrapalhada pela tecnologia, grande parte da responsabilidade do ensino, da educação por aplicativos e meios de entretenimento, é atribuído às escolas. Com isso, ter os filhos em casa por 24h por dia, 7 dias por semana, é desafiador para todos os pais, com ou sem coronavírus. Essa situação pode ser interpretada tanto como uma oportunidade para reforçar os laços familiares, quanto como uma situação terrível, onde todos os problemas já existentes pré-crise devem ser enfrentados e até mesmo potencializados. 

Quem educa é a família e este é um dilema que todos os profissionais da educação enfrentam há muito tempo, instituições de ensino aos poucos tem sido responsabilizadas não só pelo ensino, mas também pela educação das crianças, devido a falta da mesma, dentro do lar. 

E o lar, o que é o Lar? Para o Dicionário Aurélio lar é: Habitação doméstica de alguém. Casa; família: casou-se para ter um lar. A pátria, a terra natal. Já no dicionario popular, o lar é definido por onde reside você e seu coração, ou seja, um lugar que além de ser a sua residência, é o lugar onde você guarda não só seus pertences, como também os seus sentimentos, onde criam-se famílias, portanto, um lugar que se tem um amor por ele. A terceira e última definição mostra a seguinte frase: A Pátria, a terra natal. E é deste lar que este texto vem falar sobre. 

O Brasil, apesar de sua laicidade, é um país que tem a sua maioria cristã, essa religião tem aspectos que podem justificar uma estrutura familiar baseada no Patriarcado, o que até os dias atuais implica em várias questões, entre elas, o machismo, que coloca o Homem como o "chefe" do lar. Partindo dessa perspectiva, os familiares deveriam esperar de seu chefe algumas atitudes que resultariam na solução de quaisquer problemas que a família enfrente, por ser o Pai desse lar, ele irá encontrar a solução. 

Como é sabido, infelizmente em muitos lares essa estrutura é falha, talvez você possa pensar que é falha por razões conservadoras que este texto e portal não apoiam, tais como a homofobia, machismo e racismo. O lar, normalmente falha por algumas razões, entre elas a falta de confiança, de responsabilidade e finalmente, de amor. 

Ultimamente, muitos apoiadores do atual "chefe" do lar brasileiro, afirmam que os brasileiros que não o apoiam ou o criticam, torcem pelo mal do país ou pelo mal do Presidente, quando na verdade, torcemos justamente pelo melhor, melhor para o país e para cada brasileiro. Numa criação conservadora, o divórcio é tabu, é visto como uma falha e neste momento pergunta-se ao leitor, quando um pai não é responsável, não toma cuidado de seus filhos, trata com desrespeito todos a sua volta, não seria melhor um divórcio? 

Muitas vezes, a família acredita neste homem irresponsável, afirmam acreditar numa mudança ou apenas aceitam que ele sempre será assim, dizem "deixa ele, sempre foi assim, não vai mudar". E em muitos casos, ele realmente não muda. Isso afeta a vida de todos até o dia de sua morte. Nós, membros da família brasileira, não merecemos ter a frente de nosso lar, um presidente que nem ao menos com a nossa saúde se preocupa e desrespeita a nossa liberdade. Podemos deixar ele ser, como sempre foi, mas isso terá consequências que, sinceramente, nosso lar não merece sofrer. 


Por: Daniel Silva 

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