O impacto da Taxa de Juros brasileira na Taxa de Câmbio

Imagem: Câmbio Curitiba

Na crise do novo coronavírus (Covid-19), um tema que é debatido com frequência entre os economistas é a política monetária brasileira. Esse assunto é importante para o momento, em razão de que a queda nas taxas de juros que vêm ocorrendo no Brasil, se desdobra na grande fuga de capital estrangeiro do país, o que resulta na depreciação cambial do real e indica a alta do dólar em relação à moeda brasileira.

Sendo assim, se as projeções de juros são de queda, haverá uma sinalização para os agentes econômicos (instituições financeiras, empresas e famílias) que: investir em títulos do governo brasileiro, por exemplo, vai ser menos vantajoso do que investir no mercado internacional.

Isto ocorre, porque o retorno esperado pelo ativo que o agente investiu, será menor do que era antes do corte/queda da taxa de juros. Esse fator então desencadeia a fuga de capital, em que agentes deixam de investir no Brasil, para aplicar no exterior, pois os investimentos nacionais ficam menos atrativos.

Esse cenário é o que vivenciamos agora e, se passamos pela fuga de capital, então o dólar se torna mais escasso no mercado brasileiro. Assim, segundo a Lei da Oferta e da Demanda, se o dólar está escasso no mercado, a tendência é que aumente o preço da moeda estrangeira, uma vez que houve a redução da oferta de dólares, sinalizando uma depreciação cambial que é indicada pela alta do dólar. 

O regime cambial no Brasil desde 1999 até hoje é o de câmbio flutuante “sujo”, isso significa que o preço da moeda oscila de acordo com a oferta e demanda, porém o Banco Central do Brasil (BACEN) faz algumas intervenções quando há um desequilíbrio muito grande no mercado. Uma das formas de intervenção para conter uma alta muito rápida do dólar é o próprio Banco Central aumentar a oferta de dólares resultando em uma redução do preço da moeda estrangeira.

A partir disso, se analisarmos fatores macroeconômicos como juros, inflação e câmbio (vamos manter a inflação constante para a análise), conforme as projeções feitas pelas casas de investimento, bancos e pelo próprio BACEN, são esperados ainda mais cortes na taxa de juros. Isso tendo em vista que a Taxa Selic (taxa básica de juros da economia no Brasil) vem passando por cortes consecutivos desde junho de 2019 e acompanha os mercados globais como Estados Unidos, Europa e Ásia.

Essa relação, no caso brasileiro, é mais clara nos dias de hoje. Portanto, se compararmos as taxas de juros definidas pelo Conselho de Política Monetária (COPOM) com o preço do dólar em real, coletada no fechamento do mês (com exceção de maio que foi utilizado o valor do dia da reunião), durante o período de um ano, teremos:

Com isso, é possível identificar na tabela que o movimento de queda das taxas de juros veio acompanhada de uma elevação do dólar por conta da escassez da moeda no mercado brasileiro. Dito isso, se a Taxa Selic continuar sendo cortada pelo COPOM, a taxa de câmbio tenderá a continuar subindo. 

Por: Josueh Regino

Comentários

  1. Muito bom mesmo o conteúdo. Objetivo e esclarecedor. Em que pese estar explícito no contexto, vale destacar que o investidor estrangeiro também fica sem interesse no Brasil devido ao risco, uma vez que, como bem abordado a correlação baixa da Selic x alta do Dólar, passa a não ser interessante manter seu investimento nessas condições.
    Parabéns redator e toda equipe Mirada Sureña.

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